terça-feira, 5 de agosto de 2008

O Poema do Amigo


Estranhamente esverdeado e fosfóreo,
Que de vezes já o encontrei, em escusos bares submarinos,
O meu calado cúmplice!
Teríamos assassinado juntos a mesma datilógrafa?

Encerráramos um anjo do Senhor nalgum escuro calabouço?
Éramos necrófilosOu poetas?
E aquele segredo sentava-se ali entre nós todo o tempo,
Como um convidado de máscara.
E nós bebíamos lentamente a ver se recordávamos...
E através das vidraças olhávamos os peixes maravilhosos e terríveis cujas complicadas formas eram tão difíceis de
compreender como os nomes com que os catalogara Marcus Gregorovius na sua monumental Fauna Abyssalis.
[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]

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